Hoje apanho o avião para Dublin para ver a final da Liga Europa. Vou apoiar o clube que envergonha Portugal. Aquele que, numa terra que colecciona derrotas como eu coleccionava cromos de jogadores de futebol, teima em ganhar. Aquele que em vez de se queixar do calor no Verão e do frio no Inverno faz das tripas coração e faz aquilo que em Portugal não se perdoa: é bom. Aquele que teima em acreditar que para se ter sucesso é preciso trabalho, competência e organização. Aquele que acredita que tendo os melhores jogadores, os melhores treinadores e os melhores dirigentes existe uma maior probabilidade de se ter sucesso. Aquele que não anuncia vitórias antes de sequer a bola começar a rolar. Aquele que vem dum país pobre e duma cidade ainda mais pobre e ganha aos representantes futebolísticos de países infinitamente mais ricos. Aquele que em 25 anos foi a quatro finais europeias e ganha, pelo menos, três (não vale a pena falar de títulos domésticos, nem de supertaças europeias , nem de taças intercontinentais, nem de provas nacionais ou europeias noutros desportos). Aquele que é insultado, difamado, desprezado, apenas porque é o melhor; apenas porque percebeu há 30 e tal anos que não era com queixinhas e vitórias morais que se levavam as taças para casa.
É uma vergonha, repito, Portugal ter um clube como este. Ter uma empresa que ao contrário de todas as outras, seja qual for a actividade que se escolha, é tão boa, ou melhor, que os seus concorrentes estrangeiros. Nós somos todos tão maus, porque diabo aparecem uns maduros com a mania que são bons, e são mesmo. Andamos tão deprimidos com as nossas desgraças e temos de aturar uns desmancha-prazeres que teimam em andar com um sorrisinho.
Vencer é o nosso destino e fomos nós que o fizemos. Aguentem.
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