Domingo, 17 de Abril de 2011

A marcha dos desiludidos

Crónica breve, esta, que para mim o tempo é de reflexão sobre coisas maiores. De Morte e Ressurreição, de Cruz e Vida. Tenho a sorte de, desde há anos para cá, a Semana Santa significar bastante mais do que invasões de espanhóis sequiosos de sol e preços baixos. Mas como não tenho qualquer vocação proselitista, deixarei a cada um a forma de viver estes dias e opto, com a vossa licença, por espreitar para o mundinho.

E o que se vê, da nossa janela? Coros de indignação, revolta folclórica, declarações de políticos e notáveis da nação em modo stand up comedy. Exactamente: Fernando Nobre, por exemplo. A sua afirmação explosiva de que só lhe interessa ser presidente da Assembleia da Republica entra directamente no top do anedotário nacional. Mas pior é quem o convidou, porque os precedentes eram tão evidentes que doíam: Nobre  conseguiu o espantoso feito de desbaratar a sua credibilidade adquirida à custa de obra feita através de raciocínios e argumentos da mais luminosa estupidez. As perguntas do género 'Já alguma vez viu uma criança morrer nos seus braços?' e o consequente argumentário 'Eu já' davam a perceber tudo o que o homem era. Uma nulidade política. Agora sabemos que é também vaidoso, o que não seria problema noutra pessoa que não apregoasse a humildade.

Mas o que descubro de mais espantoso é que, apesar de tudo, existem os 'desiludidos' de Fernando Nobre. O que significa que, em alguma altura das suas vidas, terão sido 'iludidos' pelo dito cavalheiro. Andam na rua, escrevem nos jornais, lamentam-se nas esquinas e cafés. Mas que país é este em que eu vivo em que tanta gente se deixa iludir assim? Ah, já sei: os mesmos que se deixaram 'iludir' por José Sócrates e votaram nele. Curiosamente, muitos dos que votaram Fernando Nobre, 'desiludidos' com Sócrates.

Ainda teria espaço para falar sobre o ilustre bastonário dos Advogados, dr.Marinho Pinto, que sugere uma original 'greve à democracia'  ou o extraordinário Otelo que se vê pela conjuntura do país autorizado a dizer atoardas que o levem a voltar a sonhar com o que sonhou no PREC. Mas estou cansado. Apenas não entendo como ainda pensam que o louco é o Futre.

A minha semana vai continuar a ser de oração e de busca interior, até ao Domingo de Páscoa. Mas este ano tenho uma outra intenção por que rezar: o final definitivo das ilusões e dos iludidos. 

publicado por Nuno Miguel Guedes às 18:13
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