Terça-feira, 12 de Abril de 2011

O Tiger é aquele do golf

Chega. Estou farto de não ver o Tiger a lutar pela vitória.

Como me acontece amiúde, vejo o que escrevi ou disse e percebo que não sou propriamente um cidadão constante. É que passei anos a fio a berrar contra o rapaz, a pedir a todos os santinhos que os putts não entrassem, os drives fossem para as couves, a declarar que o tipo tinha um pacto com o diabo e agora sento-me à frente da televisão todo o santo fim de semana (ficava mal dizer que era de quinta a domingo) e sinto-me um verdadeiro pateta.

Para quem, como eu, gosta de heróis de carne e osso, o Tiger era um pesadelo. O homem não era humano. Parecia não ter emoções, fraquezas, inseguranças.

Comecei a gostar mesmo dele quando percebi, eu e o mundo inteiro, que também ele tinha os seus fantasmas, os seus pecados. Também ele lutava não só contra o campo, mas também contra as tentações, contra as suas próprias misérias e fraquezas  (está bem, está bem, as senhoras não podem ser exactamente chamadas de fracas).

Mas, desde perceber que afinal era como qualquer um de nós (infelizmente, estou a pensar na parte de sermos todos vulneráveis) até querer que ele continuasse a ganhar daquela maneira vai uma grande distância.  No fundo, pensei que tudo se arranjaria. O homem ia a um “perdoa-me” qualquer, e a senhora sueca pensava aqui no rapaz e nos milhões que o queriam ver sempre a lutar pela vitória. Eu e mais meia dúzia para que o víssemos perder e os outros milhões para o ver ganhar.

Era o mínimo que ex-sra Woods podia fazer. Seria impossível que ela não tivesse consciência do mal que estava a provocar. Será que não tinha visto aqueles filmes em que um soldado se atira para cima duma granada para salvar o resto do regimento? Não leu a história do Moniz que ficou entalado na porta para que conquistássemos a capital? Então estes suecos cheios de escolas, cultura, bem estar e coisas assim não percebem que para o mundo ir para a frente são precisos sacrifícios individuais? Mas não. Não perdoou ao Tiger, julgava que o estava a castigar. Não, minha senhora. Nós é que fomos castigados. Nós, os milhões e milhões que sofremos com a ausência da camisa vermelha, do nariz levantado, daquela vontadinha de os comer a todos. Obrigadinho por nos estragar os domingos, sua egoísta.

publicado por Pedro Marques Lopes às 02:03
link | comentar
4 comentários:
De Anónimo a 12 de Abril de 2011
sorry. absolutely no talent.
De Sara a 12 de Abril de 2011
Parabéns pelo destaque! :)
De Isa a 12 de Abril de 2011
:)
De ER a 13 de Abril de 2011
Muitos Parabéns pelo destaque. Merecido :)
ER

Comentar post

Autores

Pesquisar

Subscrever por e-mail

A subscrição é anónima e gera, no máximo, um e-mail por dia.

Últimos posts

Frangos & galetos

...

Contra nós temos os dias

Do desprezo pela história...

É urgente grandolar o cor...

Metafísica do Metro

A Revolução da Esperança

Autores do Condomínio

Hipocondria dos afectos

A família ama Duvall

Arquivo

Dezembro 2020

Abril 2013

Março 2013

Fevereiro 2013

Janeiro 2013

Dezembro 2012

Novembro 2012

Outubro 2012

Setembro 2012

Agosto 2012

Julho 2012

Junho 2012

Maio 2012

Abril 2012

Março 2012

Fevereiro 2012

Janeiro 2012

Dezembro 2011

Novembro 2011

Outubro 2011

Setembro 2011

Julho 2011

Junho 2011

Maio 2011

Abril 2011

Março 2011

Abril 2009

Março 2009

Fevereiro 2009

Janeiro 2009

Dezembro 2008

Novembro 2008

Setembro 2008

Agosto 2008

Julho 2008

Junho 2008

Maio 2008

Abril 2008

Março 2008

tags

todas as tags

Subscrever

Em destaque no SAPO Blogs
pub