Quarta-feira, 21 de Janeiro de 2009

O grande Freitas

 

Os campeões: Duda, Murça, Simões, Freitas, Gabriel, Fonseca, Rodolfo, Octávio, Ademir, Gomes e Oliveira

 

 

Há muitos, muitos anos e fruto de razões que agora não interessam para esta história mas que lembram uns episódios recentes, os jogadores do FC Porto tinham algum receio de vir jogar ao estádio da Luz.
Numa semana em que o Porto tinha de vir jogar contra o Benfica, o maior treinador português de todos os tempos, José Maria Pedroto, resumiu a situação que, na sua opinião, levava a que o Benfica fosse quase sempre campeão: no estádio desse clube lisboeta havia sempre “erros” de arbitragem e eram tão flagrantes que o Zé do Boné lhes chamou roubos de catedral.

Estava montado o banzé. O órgão oficial dos encarnados, mais conhecido como jornal A Bola, fez daquelas justas afirmações escândalo nacional colocando-as na primeira página. Apelos foram feitos para que o povo benfiquista exibi-se o seu descontentamento e revolta perante tão “escandalosas” afirmações.
Reza a lenda que o Presidente do FC Porto, Américo de Sá, preocupado com a mais que provável má recepção aos jogadores e sabendo da tremideira que dava a alguns (nunca gostei de um com nome de árvore que dá azeitonas) chamou o chefe de departamento de futebol, Pinto da Costa, e o Pedroto para ver como é que se lidaria com a situação.  Aí mesmo o treinador disse-lhe para não se preocupar que quando a equipa saísse para o jogo só se iriam ouvir meia dúzia de assobios.

Chegou o dia do jogo. A Luz rebentava pelas costuras: cento e vinte mil lampiões em fúria esperavam o aquecimento dos azuis e brancos.
 Deu-se a táctica mais cedo que o habitual e quando os jogadores, meio assustados com aquele clima, se preparavam para subir ao relvado o Pedroto chama o Freitas e diz-lhe: “ó rapaz, vais sozinho aquecer. Pões-te de frente para o Terceiro Anel e passas o tempo a mostrar-lhes os dedos do meio e bem apontados para os gajos. Ouviste?”
O Freitas, negro de Angola, ficou branco como a cal. É que apesar de ser um daqueles centrais que vêm o espaço entre os pés e o pescoço uma canela só, era um rapaz tímido e meio medroso. Mas o respeitinho é muito bonito e o grande José Maria não era, propriamente, um treinador dialogante. Benzeu-se, despediu-se dos colegas e lá foi o bom do Freitas.

A Luz esteve para desabar. De cada vez que o jogador do Porto levantava o braço havia síncopes entre os adeptos do Benfica. Os assobios eram tantos que os otorrinos alfacinhas não tiveram mãos a medir durante um mês. A pobre da mãe do Freitas, em Cabinda, foi tão insultada que teria que durar 4000 anos para  ter feito um décimo das coisas de que a lampionagem a acusava. 

Passados vinte minutos entrou o resto da equipa. Nessa altura já a turba estava tão cansada que já não houve grandes reacções: Meia dúzia de assobios afónicos e uns insultos sussurrados.

O Freitas ficou praticamente surdo mas a equipa portou-se bem.



publicado por Pedro Marques Lopes às 15:12
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11 comentários:
De João Paulo Santos a 21 de Janeiro de 2009
Até que gostei do post... só há um detalhe... 120.000 espectadores? Contou então com os que estavam fora do estádio... pelo o que sei o Estádio da Luz só teve capacidade para 120.000 em 1986 até essa altura seriam uns 80.000.
Mas isto em nada altera a história que conta que é interessante.
De João Paulo Santos a 21 de Janeiro de 2009
Até que gostei do post... só há um detalhe... 120.000 espectadores? Contou então com os que estavam fora do estádio... pelo o que sei o Estádio da Luz só teve capacidade para 120.000 em 1986 até essa altura seriam uns 80.000.
Mas isto em nada altera a história que conta que é interessante.
De Anónimo a 23 de Janeiro de 2009
ELE NÃO SABE DO QUE FALA 120000

LOLOL

De Mocuishle a 21 de Janeiro de 2009
o texto ficaria melhor se corrigisse os seguintes erros :
exibe-se
ouvis-te ( a nao ser que este tenha sido dito pelo Pedroto ).

saudações.
De Pedro Marques Lopes a 21 de Janeiro de 2009
Toda a razão. Muito obrigado
De José Manuel Castro a 22 de Janeiro de 2009
Talvez exibisse?....

Cumprimentos
De Helena Velho a 21 de Janeiro de 2009
e já agora vêm é do verbo vir, vêem do verbo ver.
mas , gosto do que escreve. não me lembro de nada do que relata, nem sei quem são os jogadores do meu(figura de estilo!) clube. Mas do Sr.Pedroto lembro-me muito bem. Era um senhor. Com boné, mas um senhor!
De Paulo a 23 de Janeiro de 2009
Cum carago; tinha essa foto, em poster, no meu quarto. Ao lado do menino da lágrima. Agora até m'arrepiei.
De João Paulo Santos a 23 de Janeiro de 2009
Qual delas a melhor?! :)
De Vitor a 23 de Janeiro de 2009
História deliciosa! Tudo o que seja lixar a cabeça aos lamps para mim é impecavel! Saudações leoninas
De Filipe Moura a 23 de Janeiro de 2009
O facto de não gostares "muito" do mais genial jogador dessa equipa é que, enfim, não entendo.

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