A primeira vez que me falaram do Bruno Aleixo usaram o termo "génio" de forma tão desbragada para o qualificar que automaticamente desmereci o bicho. Não uso o termo "bicho" de forma gratuita: fui à procura da figura no Youtube e dei com um bonequinho saído da Guerra das Estrelas que debitava conselhos sem sentido. Não fiquei propriamente fascinado, mas retive um sotaque geograficamente localizável entre a Mealhada e Viseu que me pareceu louvável, porque sou muito boa pessoa e amo o povo. Acresce dizer que tenho a certeza que estas coordenadas estão certas, particularmente porque nunca estive nem na Mealhada nem em Viseu.
Num zapping nocturno descobri o programa do Aleixo na Sic-Radical. O programa do Aleixo permitiu-me praticar o meu desporto preferido: não gostar. Tento sempre não gostar de tudo o que toda a gente gosta, e esforcei-me muito por não gostar do Aleixo. Infelizmente, o programa é brilhante, o que me leva a odiar o Aleixo.
Desde que o tinha visto no Youtube o Bruno Aleixo mudou: já não é um bonequinho da Guerra das Estrelas - agora é um cãozinho e tem uma mantinha. A seu lado está um busto, denominado Busto. O Bruno Aleixo é um ser lamentável. Sabem aqueles tipos que são iguais à avó? Pois bem: esse é o Bruno Aleixo. Um tipo (um cão) que apenas abre a boca para rezingar, mandar vir, reclamar e mostrar, por argumentos insondavelmente insanos, que todos os outros são idiotas. Eu amo o Bruno Aleixo.
O imaginário do Aleixo apenas comporta conversas sobre os méritos das pegas em baquelite ou as notícias do Diário de Coimbra. Tudo o que o Aleixo diz e faz é apenas e só em mérito próprio. O Aleixo é provinciano, mesquinho, rebarbado, inculto, machista, fanfarrão e tem sempre de ganhar. O Aleixo é a única pessoa que eu gosto em Portugal. É alguém que oferece maçãs da sua macieira, desde que as apanhem do chão. Alguém que oferece uma arca frigorífica a um espectador do programa, em particular porque a arca está estragada. Amável, avisa para levarem uma vanete porque aquilo ainda é grande. O Aleixo é um poço de amor.
Não sei se já alguém disse isto, mas o Bruno Aleixo é o Larry David português. Conversa sobre nada e implica com tudo. O seu único objectivo é conseguir o que quer, mesmo que o que queira seja ganhar uma discussão insignificante ou provar que é o maior. Que o Larry David português seja um cão que parece uma velha a falar só pode fazer todo o sentido. Estou quase a ir mais longe e a dizer que o Aleixo é a pátria toda mas ainda me aparecem uns tipos do PNR a dar-me porrada. Mas eu, pelo Aleixo, até era capaz disso.
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