Começa a não haver pachorra para os gordos falsos. O Pedro Marques Lopes não é gordo, é forte. O maradona não é gordo, tem apenas tendência para engordar. Gordo era Buda, o Orson Welles tardio, Obélix. Estes lamentos da malta ligeiramente avantajada começam a cansar, sobretudo porque é gritante o contraste com o silêncio dos muito magros ou com a sua nobreza no desabafo - leia-se Tiago Cavaco, um magro digníssimo. O HpA acusa aqui um alguma hipersensibilidade, mas experimentem, com mais de 1.8 m e menos de 74 kg, tentar fazer carreira na crítica gastronómica. Viegas bem se esforça, mas não passa como crítico convincente, falta-lhe massa corpórea. O caso de Eduardo Pitta é ainda mais grave, e o escritor, consciencioso, optou assim por blindar os seus frescos de restauração com crónica de costumes. Quitério e o saudoso Saramago continuam a ser as referências incontornáveis. Devia haver cinto de chumbos para o crítico gastronómico, como há para o escafandrista. Não havendo, o sonho do HpA vai pelos ares, como uma pluma ao vento. Uma pluma. Um peso-pluma.
(Continua).
A subscrição é anónima e gera, no máximo, um e-mail por dia.