O casal amigo. Não há expressão que me irrite mais. Que diabo será um casal amigo?
Quando me dizem que alguém esteve com um casal amigo percebo logo duas coisas: que essa pessoa não é amiga de nenhum membro de esse casal e que pelo menos um dos membros desse casal é um chato insuportável.
É a velha história que nos impõe que convidemos sempre a mulher/marido, namorada/namorado da pessoa que queremos convidar mesmo que não suportemos a criatura. É a coisa que nos faz perder amigos por supostamente sabermos que o nosso amigo vai ficar ofendido se não convidarmos a parceira e, claro está, vamos perdendo o contacto e, cedo ou tarde, a amizade. É a discussão que temos de manter com a nossa mulher quando anunciamos que vamos a uma festa e que ela não vai porque, pura e simplesmente, as pessoas são nossas amigas e não dela. Posso? Dá para ter amigos que não são dela ou que tão-somente me sinto melhor sozinho com eles do que a ter a tiracolo? Será que o facto de eu gostar de alguém, dormir com alguém e de até ter filhos de uma pessoa faz automaticamente dela apreciável para o resto do meu mundo?
Eu não quero ser parte de casal nenhum. Quero ser, por favor, apenas eu. Um tipo que até gosta muito de alguém, que até vive com uma pessoa e que até partilha cama e mesa com ela. Que essa pessoa que vive comigo não seja obrigada a gostar dos meus amigos nem em estar com eles e não me obrigue a gostar nem ir a jantares e almoços com gente que ela gosta.
Quando me dizem,“Oh pá, traz a tua mulher”, soa-me sempre a um convite que podia ser para trazer o cão ou a avozinha que vive comigo. Assim como se fosse um sacrifício que a pessoa que me convida estivesse disposta a fazer para poder desfrutar da minha companhia.
Casais são os de pombos e periquitos que compramos para fazer criação.
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