Terça-feira, 3 de Junho de 2008

Para não dizerem que não falei de flores

 

Passo muitas vezes pela porta da Penitenciária de Lisboa à hora da visita. São sempre mulheres que esperam pela abertura da porta. Nem tristes nem contentes, nem envergonhadas nem orgulhosas. Apenas à espera.

Esperam a hora de poder ver o marido, o pai, o namorado, o filho. Ficam ali a olhar para os carros curiosos que passam e, carregadas de sacos, mostram simplesmente o amor que as liga àquelas pessoas imperfeitas que ali estão presas. São apenas mulheres que sabem que cumprem uma parte do seu destino: amar e ser amado.

Os homens andam pelo parque para que ninguém os veja. Correm para a porta e forçam a entrada para não passarem a “vergonha” de estarem ali. Como se tivessem vergonha de mostrar que amam alguém que cometeu uma qualquer falha. Como se o amor fosse uma espécie de doença com que se tem de viver mas que não deixa de ser um defeito.

Só as mulheres sabem o que é amar, nós, homens, somos uns meros amadores.   

publicado por Pedro Marques Lopes às 19:56
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7 comentários:
De Anónimo a 3 de Junho de 2008
Quase apetece arranjar uma namorada e forçá-la a cometer um crime para depois provar que não tens razão...
De clara a 3 de Junho de 2008
Ou então é ao contrário.
De Joanina a 4 de Junho de 2008
Achei lindo o texto, e sendo mulher, desde já agradeço pela parte que me toca!!!
Acho que os homens também sabem amar... mas amam mais as escondidas!!! :)))
Bj da Jo
De Anónimo a 4 de Junho de 2008
lamento muito, mas o que nos leva a nós mulheres a estas demandas é aquilo que é expectavel numa mulher: o sacrifício. muitas vezes são anos e anos, todas as semanas a caminhar para lá, às vezes em muito más condições, com pouco dinheiro para transportes e para o que levam na sacola. e é verdade. os homens desistem mais facilmente, e há reclusos que ficam anos e anos sem visitas....
ana
De Anónimo a 4 de Junho de 2008
Lamento muito, mas a razão porque nós mulheres somos assim, é porque fazemos o que se espera de uma mulher: o sacrifício. São gerações de controlo social, qual amor.....
De facto, são as mulheres que, muitas vezes em condições muito difíceis visitam os seus familiares nas prisões (com pouco dinheiro para transportes ou para o que levam nas sacolas). São muitas aquelas que levam anos e anos a caminhar para lá ( e desistem bem menos que os homens). Muitos reclusos acabam por ficar anos sem visitas ....
Quando o microcrédito surgiu, na Índia, era atribuído apenas às mulheres por se saber que elas iam investir em primeiro lugar no bem estar da família...
De isabel a 6 de Junho de 2008
e não são quase todas ciganas? Aqui na penitenciária de Coimbra só se vê mulheres ciganas e algumas crianças.
De Anónimo a 17 de Junho de 2008
kompletamente de acordo

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