O tormento para os verdadeiros amantes do mais belo jogo jamais inventado está prestes a começar. A coisa, ultimamente, é cíclica: de dois em dois anos lá temos de apanhar com esta cretinice dos campeonatos da Europa ou do Mundo.
Já se sabe que estes tristes eventos foram inventados para as mulheres que além de não perceberem um caracol do que se passa num campo de futebol desprezam a melhor parte do jogo: as profundas análises que nós homens conseguimos fazer sobre a capacidade de impulsão do melhor ponta de lança de todos os tempos, Fernando Gomes, ou o fabuloso jogo de rins do melhor defesa direito da história do futebol, João Pinto (o verdadeiro, não aquele pateta da melena loura que a única coisa de mérito que fez no futebol, foi ter dado aquele soco no árbitro que, graças a Deus, mandou os nossos jogadores de volta a casa).
É vê-las todas contentinhas com aqueles berrinhos histéricos: marca, marca, chuta, chuta.
Convencidíssimo que jamais aprenderão, explico: nunca se fala antes de um jogador rematar. Depois de ele chutar, existem apenas duas alternativas: ou gritar golo se aquela coisa redonda (chama-se bola) entrar na baliza (aqueles três paus com uma rede por trás) ou mandar o indivíduo para a puta que o pariu, se falhar.
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Mas ainda pior que ver mulheres nos jogos de futebol ou em celebrações é ver os patetas que as acompanham. Só há duas razões para essas anémonas levarem ou acompanharem essas mulheres: ou são uns infelizes que a única maneira de poderem agarrar uma mulher é aproveitando um golito ou coisa parecida ou, pura e simplesmente, não gostam de futebol. É aliás por isso que se vêm tantas mulheres nos jogos do Sporting: está provado que aquela gente gosta tanto de futebol como as pessoas normais de vinho verde quente.
Mas como se não fosse gravíssimo ter a lata de ir a um jogo com uma mulher, ainda as levam para um dos mais sagrados espaços masculinos: as imperiais e tremoços pós-desafio. Confesso que são os únicos momentos em que lamento a minha condição de heterossexual.
Como se já não fosse suficientemente mau ter de gramar um torneio onde os jogadores do meu clube dão abraços aos dos clubes adversários e jogam com camisolas vermelhas e calções verdes, tenho de gramar as bandeirinhas nas janelas, ouvir tipos que não distinguem um fora de jogo de um penalti armados em Ruis Santos, histéricos a cantar o hino como se fossem resgatar D. Sebastião dos mouros, apelos ao patriotismo em forma de chuteira, horas de debates sobre os peitorais de um madeirense qualquer e os discursos tipo Coronel Tapioca do mais imbecil brasileiro que alguma vez aterrou na Portela, ainda tenho que suportar mulheres vestidas de vermelho e verde com aqueles lencinhos ridículos na cabeça.
Vão mas é lavar a louça, meninas.
Pode ser que só dure uma semanita. Força Turquia.
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