Descobri que o George Steiner tem uma maquineta do tempo escondida na garagem e vai daí utilizou-a para ver o que eu andava a escrever neste espaço. Ainda alterou meia dúzia de coisas para ver se disfarçava mas o plágio é por demais evidente. Não o vou processar, coitado. Ainda para mais confundiu tudo: misturou convívio com sandes de presunto e copos de Sumol de ananás ou seja, não percebeu nada. A Gina, honesta profissional da casa de convívio “Tromba Azul” ainda se está a rir. Para ser franco, já estava à espera: um tipo com óculos à Manuel Monteiro não pode ser levado muito a sério.
Mas este roubo escandaloso do Steiner pode fazer pensar o cidadão na coisa mais misteriosa (claro está que a critica internacional vai ser unânime em reconhecer o carácter genial do caixa de óculos e dizer que era isso mesmo que ele queria revelar utilizando um, mais uma vez o digo, vergonhoso plágio) de todo o universo: o tempo.
O convívio para pessoas como o Steiner ou o Lopes (este, não o outro) não é a mesma coisa apenas por um pequeno detalhe: o tempo. Não senhor. Apenas a diferença de ser neste ou noutro, passado ou futuro, é indiferente.
É por essas e por outras que sempre achei as máquinas do tempo ridículas e completamente desprovidas de interesse. O tempo não é contínuo para o que interessa. Nós apenas lhe atribuímos essa continuidade porque somos radicalmente egocêntricos e a passagem do tempo deixa marcas no nosso corpo (nem nas nossas almas deixa), e essas, estupidamente, é que são importantes para nós.
A ínfima ou gigantesca fracção de tempo que faz as coisas terem cor, cheiro, forma, sentimento, significado ou movimento diferente não dependem de linha de tempo nenhuma. Aliás, essa linha é tão real como a pesca do esturjão no Rio Alviela.
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