Sabem do que falo. É a biblioteca onde guardamos o grande livro de História do senhor que também gostaria de escrever a biografia de Hitler mas não sabe Alemão, o livro de ideias políticas que um amigo garante que um outro senhor sempre muito ocupado ainda escreverá, o romance sobre Paris que uma senhora já desistiu de anunciar, os planos por concluir de Pessoa, os tópicos de Luiz Pacheco, e aqueles recorrentes projectos editoriais megalómanos que as versões de autor em pdf não saciam, como a tal Spectatorà portuguesa - se não quisermos sair da paróquia que é Lisboa, nem recuar muito, nem ser exaustivo. Aliás, para intuir a vastidão da grande biblioteca contam menos os figurões e os malucos do que os nossos devaneios pessoais e os daqueles mais próximos, quando se deixam ir pela vaidade, ou não controlam a ansiedade, ou se convencem que o tesão criativo não murcha com a partilha do plano.
Dou-te já os parabéns pela lombada, Nuno, ainda antes de ler a obra. Porque, no fundo, ninguém acredita naquele corpo teórico; materializar é o verdadeiro livre-trânsito para continuarmos a sonhar.
Era capaz de jurar que há exactamente 19 anos estava em Madrid. Melhor, estava mesmo. Se bem recordo os meus hábitos da altura, devia estar num boteco qualquer a experimentar a quantidade ideal de vermouth dum dry martini. Como já na altura era um rapaz cumpridor das tarefas a que me propunha, não brincava em serviço. O teste em causa levava horas, obrigava ao consumo de vários exemplares do cocktail, mas era algo que tinha de ser feito, e eu sempre cumpri os meus deveres com zelo e dedicação. Curiosamente, descobria que a bebida se tornava excelente ali por volta da nona, décima tentativa. Também, com certeza por causa das qualidades dos ingredientes, o meu castelhano por essa altura tornava-se fluente. Uma das características do meu consumo alcoólico era, aliás, essa: transformava-me num poliglota. Lembro-me como se fosse hoje duma conversa de mais de 6 horas em Dubrovnik regada a São Domingos, em croata claro está.
Já na altura, e não mudei com a idade, passados dois ou três dias de estar num sítio qualquer estava-me a perguntar porque diabo tinha saído de Lisboa. Dessa vez, porém, tinha boas razões. Ia a uma consulta médica e não tinha outro remédio se não desfrutar das belezas madrilenas iguaizinhas às de Guayaquil ou Paio Pires, leia-se bares e quejandos.
Mas, de repente, a cidade tornou-se na mais bela das cidades. A Serrano a mais fashionable rua do mundo, os cafés da Castelana locais mágicos, os bares e restaurantes do Prado absolutamente magníficos, o pôr do sol nas Portas do Sol maravilhoso, os salgados da Maiorca os melhores a oeste de Pecos, o Thyssen dava cartas a todos os museus do universo, os huevos da Casa Lúcio um manjar dos deuses e até aquela bernabeuana latrina atrás do José Luís subitamente parecia menos repugnante. “Chego amanhã”, disse ao telefone uma voz.
Viva Madrid
Andei largos anos enganado com a ideia de que era o tempo a quintessência da vida. Julgo ter descoberto, por estes dias, justamente o contrário: a falta de tempo é que deve ser adorada como um deus.
É a falta de tempo que esculpe a verdadeira arte da sobrevivência. Sem tempo, não pensamos e, não pensando, não nos pomos perguntas e, não nos pondo perguntas, não fazemos aparecer problemas onde eles mais gostam de florescer: no nada. Sem tempo, vamos directos ao assunto, dispensamos conversas de circunstância, rodriguinhos, eufemismos e adiamentos. Se a conversa difícil vai doer, mais vale que doa já – e duma só vez.
Sem tempo, escapamos impunemente aos baptismos da prima, ao aniversário do coleguinha, à conversa do vendedor. Só nos detemos nas notícias realmente importantes, saltamos o suplemento de imobiliário e o dos empresários empreendedores. Dispensamos gastar dinheiro em livros que jamais leremos. A televisão é ligada em circunstâncias e com finalidades cirúrgicas (nunca mais programas de debate desportivo – só jogos do Benfica, em rigoroso directo e exclusivo). Todos os telefonemas que se podem resolver com um sim ou não assim serão tratados. Todos os emails de que não dependa o futuro da civilização ficarão sem resposta.
Sem tempo, um tipo descobre aquilo de que realmente precisa e aquilo de que quer mesmo cuidar. De quem lá está quando há e quando não há tempo, dos bichos de estimação que não têm culpa, das palavras dos amigos que não dispensa (incluindo certos escritores de canções e livros e filmes, a que se devem subtrair as revelações promovidas pelos especialistas a génios do mês).
O tempo é maravilhoso, mas demasiado fácil de perder.
Na falta dele, um tipo é mais lúcido. Só leva o que tem de amar.
Eu bem me esforcei. Andei atento às mais pequenas notícias nos jornais, arrebitei as orelhas para apanhar conversas interessantes nos cafés, estiquei o pescoço nos transportes públicos e fui acompanhado por um caderno interessado. Agora sentado à secretária, procuro-a no ecrã do computador. Olho para cima e respiro fundo. Não, não há iluminação divina que me entregue a tal ideia do dia. O que encontro é os telefonemas e os mails do dia sempre desejosos de atenção, escrevem coisas sérias, prazos e projetos, pedem respostas rápidas e orgulham-se da sua urgência.
Tamborilo os dedos impacientes e penso na palavra tamborilar com um sorriso desnecessário. Levanto-me. Outra vez. Demasiadas demais. E volto a sentar-me. Iludo a concentração com um zapping pela Internet. Arrumo a secretária, é preciso ordem para encontrar crónica, acho eu. Outras tarefas mostram-se subitamente essenciais, é agora que resolvo finalmente aqueles recibos verdes e transferências bancárias pendentes. Roubam-me tempo e eu deixo-me enganar. Sou um procrastinador, mas não o confesso. Ninguém o faz enquanto adia com prazer.
Algumas ideias, tímidas, manifestam-se. Uma fala-me da dificuldade de definição cultural da segunda geração de imigrantes e do uso do véu nas londrinas mulheres muçulmanas e etecetera, mas já está muito lida e discutida. Outra dos pequenos errors que vão conquistando a language dos immigrants portugueses em London. Não me convence. Há os festejos do Ano Novo Chinês em Chinatown. Ou mesmo a peculiaridade de acompanhar o pequeno-almoço com um relato em direto de um jogo de ténis na rádio BBC5. Mas esta não consigo converter num texto sumarento. Desisto, vencido pela inércia e as ideias que me abandonam. Sempre é melhor do que aqueles cronistas que escrevem uma não-crónica sobre as dificuldades que tiveram ao escrever a crónica.
Primeiro queria falar do novo - é sempre novo, sempre novo - disco de Leonard Cohen. O deslumbre é tão forte que me esgota a adjectivação. Talvez fale do disco - melhor, estou certo que o farei - quando terminar de o ouvir e de o ler. Agora só o posso antecipar. Mas uma coisa leva à outra,as palavras existem à espera de serem usadas e reusadas. E encontrei estas, nascidas há pouco para habitarem outro lugar, vi que estava a falar de Cohen sem falar dele. E por isso essas palavras voltam a nascer aqui. Preguiça? Cohen justifica até a preguiça.
O silêncio das palavras
Já o escrevi e disse centenas de vezes. Não porque quero matar de tédio os meus escassos interlocutores mas apenas porque considero uma das poucas verdades em que acredito, impermeável à passagem dos dias. E a verdade é esta: tudo tende para o silêncio, porque é ele que tudo contém. A vida, a arte: tudo almeja o indizível. As palavras são uma triste mediação porque nunca conseguirão dizer o que realmente se sente. Para quem faz da escrita a sua vida elas são a mais bonita das impossibilidades.
Neste sentido, a poesia – a palavra poética – será o que mais próximo ficará desse lugar tão secreto que queremos partilhar. A poesia é uma investigação da verdade e da alma, uma depuração constante e exigente que no seu melhor nos alimenta sempre com o que não se escreveu e ficou por dizer. E aí é que nós estamos, e aí é onde está o poeta.
Nem o que escrevo é original: desde sempre houve quem sentisse e comprovasse este paradoxo de não se poder dizer o que se sente: de Wittgenstein a Beckett, passando por Fernando Pessoa ( «O poeta é um fingidor»...) a constatação do silêncio como derradeiro lugar da alma parece evidente.
Faz então sentido dizer poesia? Faz. Mesmo preferindo a leitura para mim mesmo, sei que a palavra é a última feitiçaria que nos resta, o vestígio de magia a que ainda temos direito. Capaz de levantar corações, incitar revoltas, gerar ficções, criar manifestos, suicídios, paixões inexplicáveis.
Por isso sempre me encontrarão perto dessas cerimónias em que a palavra anda à solta, sem medo e sem dono. A poesia é uma utopia solitária e a única que me interessa neste mundo. Agarro-me a ela tantas vezes que se confunde com a vida. E sempre com a esperança que a magia funcione, mesmo sabendo que não há resposta à pergunta em verso de João Miguel Fernandes Jorge: «como hei-de prometer as coisas».
(publicado no magazine do SlamLX nº3, dedicado à Slam Poetry)
"(Quem acerta co'os botões/
deste velho? Venha a cidade/
ajudá-lo a abotoar/
que não faz nada de mais!)
Alexandre O'Neill, "Velhos de Lisboa"
O Hugo Gonçalves tinha um blogue chamado "Abram os Olhos". É um título que me faz cada vez mais sentido. Não para os noticiários internéticos e televisivos mas para a vida que corre nas ruas. Sim, os olhos costumam estar disponíveis (uns oferecidos eles!) para "as notícias da actualidade" e encerrados para a rua onde vivem. Estas notinhas vêm a propósito de algumas exclamações que se ouvem nas esquinas a propósito dos velhos que têm aparecido mortos em casa. Há choque, pavor e até às vezes indignação. Como é que é possível? e que tais. Como é que foi possível? Estranho seria se não o tivesse sido, minha senhora. Se calhar até foi por causa dessa desatenção à rua, a tal que pouco aparece nos títulos e nas aberturas de telejornal, a não ser que um canguru perneta tenha sido por lá visto com a "Dica da Semana" debaixo do braço. Sem o extraordinário e sem o bizarro, a rua - onde vivem velhos mas também novos e crianças e gente com e menos guito - não é, digamos, considerada. E depois vai morrendo gente sozinha que só é encontrada uns meses depois.
São velhos. Mas podiam ser novos, daqueles que congelaram as possibilidades. Eles podem aparecer, podem - digo-o sem vontade de impressionar mas com a consciência de que enquanto a crise é elegantemente analisada nos espaços de informação há quem vai começando a gritar sem quem ninguém ouça. Desça à rua não a poesia (que essa nunca de lá saiu) mas uma qualquer utopia comunitária, cada vez decisiva nos domésticos territórios onde o Estado não consegue chegar. Vizinhos a tratar de vizinhos. Vizinhos a perguntar por vizinhos. Vizinhos - aqueles que o podem, são muitos - a visitar quem não tem visitas. Talvez assim deixe de haver tantas surpresas e exclamações com notícias como esta. É isso: há muita boa gente a precisar de ajuda com os botões.
É um tema meio secreto, pouco falado, mas há anos que me inquieta. Talvez tudo tenha começado com aquela bebedeira no primeiro jantar de turma da faculdade – bifinhos com cogumelos e vinho branco –, quando um colega resolveu, por sobrelotação da casa de banho, desgoverno alcoólico e aflição da bexiga, correr o fecho das calças e pôr-se a mijar para dentro do lavatório. Má sorte: foi apanhado pelo dono, arrastado para a vergonha pública da sala de refeições e atirado porta fora, enquanto tentava metê-lo para dentro das calças e sofria as dores de ter interrompido uma mijadinha a meio – os senhores que mijam de pé sabem do que falo.
Ou talvez tenha começado antes, quando li “A insustentável leveza do ser”, livro que a minha namorada começou a reler há uns dias. A dada altura perguntou-me: “Já leste?”
Eu respondi que sim e disse-lhe que uma das memórias que tinha desse livro era a conversa de um médico sobre os seus colegas de profissão que, como ele, preferiam mijar em lavatórios.
Mas nada disto se juntou dentro da minha cabeça até que, por acidente, encontrei na internet uma citação de Charles Bukowsky:
“Sometimes you just have to pee in the sink.”
Talvez exagere, talvez seja defeito de escritor que procura (inventa e força) verdade e beleza e sentido em tudo o que encontra pelo caminho, talvez nada disto tenha a importância que lhe atribuo. Mas quando li a frase do Bukowsky percebi, mais uma vez, a importância da literatura. Numa simples sequência encadeada de palavras, ele oferecia-me o final para a minha história de mijadores em lavatórios, dava-me uma epifania cheia de verdade, as palavras no osso, e até um certo humor que, arriscando-se a roçar o mau gosto, ascende muito acima da piada de casa de banho.
Mas de nada me interessam explicações. Antes pelo contrário. Sometimes you just have to pee in the sink. Está dito e redito. Para quê explicar, esmiuçar, ir procurar razões pelas quais os homens (quantos?) resolvem mijar em lavatórios ou se o fazem com mais frequência quando estão bebedos? Isso é trabalho para os jornais e para os cientistas da sociedade. O que importa é o estrondo, a clarividência e a identificação provocada pela simples frase:
"Sometimes you just have to pee in the sink."
Não faz todo o sentido?
Peço desculpa demasiadas vezes. Não tenho qualquer pulsão incontrolável desculpativa, longe disso. Devo, pelo contrário, muitas desculpas a muita gente. Algumas não as dei no devido tempo e foram azedando até que já não fazia sentido dá-las, outras o orgulho não deixou sair, outras só muito mais tarde é que percebi que as devia ter dado.
O meu problema não é pedir muitas vezes desculpa, são os disparates que faço ou digo e que não consigo reparar doutra forma.
Tenho, sem qualquer ponta de ironia, inveja de quem nunca pede desculpa. É gente que nunca falha ou se pensa que falhou acha que a falta é largamente compensada pela quantidade de bondade que espalhou. Bem aventurados os justos.
É só, obrigado.
Aqui no bairro a especialidade - sabemos disso - é protelar. E todas as alturas de ano ajudam a essa causa de deixar para daqui a sete meses o que podia ser feito hoje. Pensei nisso agora que passámos as épocas do Natal e da passagem de ano. Queria combinar alguma coisa com alguém e népias. Nada feito. Porquê? Por causa desta mensagem automática: "Sabes que isto nesta altura do ano é uma confusão, é uma série de jantares". Sei, sei que é assim. Mas também sei, não sem alguma rezinga, que entre os repastos familiares há intervalinhos - e não são tão exíguos quanto isso -em que o cidadão pode dar-se ao luxo de oferecer dois minutos de atenção a quem o procura. Digo eu.
Mas o problema é que, como sabe o sinusítico leitor, o período a seguir também serve para o campeonato das desculpas. Lanço, já em Janeiro: "Então, quando é que nos encontramos?". A resposta sai, quase tão automática quanto a anterior: "Sabes que isto do início do ano é um bocado complicado". Porquê, pergunta-se. "Há uma grande ressaca das festas de Natal e de ano novo". Pois. À sugestão: "Pode ficar para o próximo mês?" respondo com um "ok" medianamente esperançoso. Chega-se a Fevereiro e brotam novíssimas desculpas. "Mas eu não sabia que gostavas do Carnaval?", arrisco. A resposta: "Não, não gosto. Mas aproveito e vou com a Eliana dar um giro à terra dos pais dela". E, pimba, lá se vai, perdida entre confetes e melancólicas buzinas, mais uma oportunidade.
Depois, pronto, depois é a Páscoa. "Sabes que isto". Sei, também tenho família. E depois chega, qual onda pré-veraneante, o generoso período "antes das férias", em que o importante é "despachar uma série de coisinhas que ficaram pendentes durante o resto do ano". E o Verão, meus queridos, é para ir a banhos, não para os compromissos da amizade. Na mui chique rentrée, há a desculpa da rentrée. Onde há sempre muita tarefa para executar, muita época nova para preparar, muito entusiasmo para consumir. E a reentrée, aqui no bairro, vai de Setembro a Dezembro, que é como quem diz chega ao Natal dos Hospitais com uma pinta que só visto.
E prontos. Até à próxima. Vida.
Assumo tudo. Confesso. É tudo verdade. Tenho andado a mentir em relação à minha própria definição. Sou esteticamente conservador, intuitivamente libertário e tradicionalmente cobarde. Não um conservador tout court. E é a cobardia que melhor reflecte cada um dos meus gestos. Mas, estou certo que o leitor não está aqui para assistir a lamúrias e auto-retratos de um c. qualquer. Não é da minha cobardia que pretendo falar mas, antes, da coragem dos outros.
Por motivos que só Deus pode conhecer, tive de me reunir com um homem, por estes dias, a fim de acordarmos num negócio que traria benefícios à minha parte e que pouco, ou nada, lhe interessaria. Isto estaria, à partida, condenado ao fracasso. Porém, em apenas cinco minutos, o homem apresentou-me todos os benefícios sem que eu lhe pedisse nada. Pensei: sou um génio! E ali estava eu, deslumbrado, a contemplar a minha magnitude negocial. O homem despachou o assunto num abrir e fechar de olhos. É muito comum encontrarmos, hoje, executivos mais pragmáticos e objectivos. Mas, com aquela rapidez toda, nunca tinha visto.
Não demorou muito até perceber a razão para tanta celeridade. Este homem aproveitou a oportunidade para conseguir uma vantagem (legítima, absolutamente legítima) a partir de uma certa circunstância, externa a este negócio. A sua pretensão foi apresentada com uma naturalidade tal, que julguei que estivéssemos, ainda, a negociar contrapartidas. A eficácia com que o meu interlocutor saiu de um negócio para o outro foi tão extraordinária que nem me me deu tempo de adoptar uma postura apropriada, entre a reflexão e a desconfiança. Tudo isto foi feito com uma segurança invejável. Alguém que consegue ser tão assertivo tem de ser, ao mesmo tempo, corajoso.
Admito que é a coragem que nos conduz ao sucesso. Porém, não encontro na atitude deste homem um pingo de coragem. Encontro - isso sim - um total descaramento. A coragem e o descaramento não se encontram no mesmo patamar, já que este nasce para ser inconsequente e a primeira nasce para a transcendência. O homem corajoso é aquele que enfrenta a adversidade por uma convicção. O homem descarado aproveita-se de um espaço mudo. A minha cobardia, afinal, não é assim tão grave. Talvez reste, ainda, dentro de mim, a coragem suficiente para viver com dignidade. Talvez a minha missão seja negar o descaramento.
A subscrição é anónima e gera, no máximo, um e-mail por dia.