Não conheço uma só pessoa que tenha torcido pela Alemanha ontem. Aliás, não me recordo de, alguma vez, ter visto alguém empolgado com a Alemanha. A Alemanha, em geral, suscita tanta empatia como um frigorífico, uma loja da 5 à Sec, um pacote de batatas pré-fritas. 11 parquímetros provocar-nos-iam o mesmo nível de emoção.
Ora, isto não se circunscreve ao futebol. A Alemanha terá sido, muitas vezes, símbolo de muita admiração, mas nenhum amor. Pode achar-se a beleza germânica geométrica, perfeita, mas ninguém perdeu a cabeça por um alemão ou uma alemã. Cometeram-se loucuras por gente de Itália, de França, da Suécia, do Brasil, de Cabo Verde, da Colômbia, mas os affaires com naturais da Alemanha resumiram-se àquele europeu de Voleibol feminino sub-20 em ’87 e ao encontro de vendedores da Volkswagen em Sesimbra, Setembro passado.
BMWs, Mercedes e Audi são frequentes símbolos de status, mas quando se fala se sonhos pula-se para os Ferraris e Jaguares. Berlim é uma cidade muito interessante, mas a viagem dos sonhos de toda a gente oscila entre a Patagónia, Nova Iorque uma ilhas no pacífico com palmeiras e água de coco e qualquer coisa a menos de 100 km do Mediterrâneo.
Merkel inspira respeito, mas Sarkozy é que agita. O cinema que de lá vinha era excelente, mas, depois, veio aquela questão da cor.
Por fim, há, é claro, dramáticas razões históricas para não correr atrás da Alemanha de cada vez que ela avança.
Mas no meu caso, querido leitor, não são Hitler, o nazismo e o holocausto o que me motiva o afastamento. Foram personagens e acontecimentos localizados na História que não podemos confundir com um povo inteiro. O meu problema com a Alemanha é aqueloutro projecto secreto de extermínio que eles têm: a música pop alemã.
Apanharam-nos de surpresa, à má fila, com os Boney M, mas aguentámo-nos bem. Depois, vieram os Scorpions. Segurámo-nos à vida quase por milagre. Ainda estávamos a sarar as feridas e vieram os Modern Talking. O mundo ainda estava estendido no chão e eles mandam os Milli Vanilli. Quando inventámos o I-pod e rolhámos os tímpanos com headphones para conservação do que resta da espécie, eles infiltram-se como vírus nos ouvidos da rapaziada com os Tokyo Hotel.
Enfim. Proibimo-los de formar exércitos e deixámo-los agrupar bandas musicais. Erros de avaliação.
Venha o Schweinsteiger e o Goebbels. Do que a malta não estava à espera era do “Still Loving You”.
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