Chegou o primeiro cheiro do Outono, súbtil. E com ele o nevoeiro lânguido dos olhares, o desejo do conforto, a mudança de discos no armário, a luz tépida, os dias castanhos, a civilidade dos gestos, a infinita preguiça, o prazer do domingo, a camisola de malha, o cheiro incrível das folhas na província, as estradas vazias e a urgência do sábado de manhã, os corpos pálidos e os sorrisos discretos, a informação de trânsito, as janelas fechadas, o sabor das primeiras gotas que caem sempre na mão, as geleias e o abandono da frescura, o lugar do morto, os olhos a fechar nos fins-de-tarde no transporte público e as correrias em frente das escolas, a noite a ser noite, o amor interrompido, o sossego da casa, as montras cheias, a ausência do céu, as vozes quentes e os cobertores, a disponibilidade para os livros, o elliott smith, as tendências suicidas e o cinismo.
Agora sim, podemos ser felizes.
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