Um estudo feito a pedido da Comissão Europeia no âmbito do “Ano Europeu do Envelhecimento Activo e da Solidariedade entre Gerações 2012” diz que os portugueses deixam de se sentir jovens aos 36,8 anos. Ou seja, um cidadão nascido a 1 de Janeiro de 1980 chega a Agosto de 2016, está muito bem a fumar uma ganza deitado numa praia à espera do nascer do sol, depois de ter saído do Kiss de Albufeira onde andou na mui nobre actividade da caça à bifa, quando de repente o raio da meia-idade o atinge.
Bom, não deve ser nada disso, mas nem me apetece discorrer sobre o bocejante tema do que é ser jovem, nem qualquer assunto sob a epígrafe “envelhecimento activo” me merece mais reflexão do que o esforço intelectual de pensar onde diabo pára o isqueiro para deitar fogo a qualquer página onde estejam as pomposas palavrinhas.
A história sobre o estudo vem no DN e deixou-me mal disposto. Um tipo olha para a página, lê que os portugueses perdem a juventude aos 37 anos e pensa: “a vida pode-nos não andar a correr bem mas somos uns optimistas apesar de tudo”. Afinal não. Perder a juventude aos 37 é fracote. Os nossos camaradas europeus perdem-na muito mais tarde, até os gregos só passam a ser tristes criaturas de meia-idade aos 50.
Como se isto não bastasse para um tipo ficar irritado, fui também esclarecido que perdemos o viço porque somos infelizes. Andamos lixados com os nossos amigos com as nossas famílias e andamos insatisfeitos com a vida. Somos os mais infelizes da Europa. Segundo os génios consultados é isto que explica perdermos a juventude tão cedo.
Se calhar por ter ficado deprimido não percebi bem a relação entre juventude e felicidade. Percebo bem a relação entre a felicidade e o amor, a amizade, o sol, até com o dinheiro, mas felicidade e juventude não atinjo.
Vou pensar nisto esta semana e depois digo. Sinto-me velho e muito infeliz, mas posso ficar feliz se alguém quiser, velho é que vou continuar. E, pensando melhor, até sou capaz de aprender grego.
A subscrição é anónima e gera, no máximo, um e-mail por dia.