Nada é mais ineficaz do que um plano amoroso. É raro que tenha resultados objectivos. Por norma, é a sorte que dita o resultado. Em séculos e séculos de literatura sobre o amor, nunca se arranjou uma solução. É tudo muito bonito, o amor e tal, mas know how não se vê muito. Apenas a sagrada instituição do casamento conseguiu delinear um objectivo que forçasse os homens - nem todos - a definir um plano mais consistente de apresentação de benefícios e captação do interesse da coisa amada. O dote, por exemplo. Ainda assim, trata-se de um fenómeno demasiado materialista e que terá, certamente, os dias contados.
É altura, então, de aplicar conceitos básicos da organização empresarial e da gestão ao amor. Sejamos ambiciosos, tracemos objectivos e determinemos um plano de acção adequado às nossas necessidades, às exigências do nosso stakeholder e às nossas potencialidades. Primeiro que tudo, temos de compreender que é preciso acabar com a ideia do altruísmo e da dedicação sem limites. Os nossos interesses são fundamentais para a conservação da nossa dignidade. O passo seguinte é fazer uma análise swot. Não podemos chegar a um resultado sem conhecermos bem a conjuntura.
Assim, como qualquer boa swot, verifiquemos os pontos fortes, os pontos fracos, as ameaças e as oportunidades. Nos pontos fortes teremos de ser realistas. Do que é que a casa gasta? Somos feios, baixos, gordos, lingrinhas, carecas, peludos, marrecos? Podemos ter um orçamento limitado, não ter grandes atributos artísticos ou, até, pouco carisma. Devemos, também, admitir a dificuldade de estabelecer uma linguagem cúmplice. Nos pontos fortes, a necessidade é ignorar a modéstia sem perder o realismo: não somos estúpidos, temos algum sentido de humor, somos informados, admiramos a humanidade. Essas merdas. Para as ameaças e oportunidades, a análise deverá ser exterior: os perigos de um concorrente, a situação do país, a agenda cultural, a família do stakeholder, os horários do universo e por aí fora. Não façamos de uma falha de percepção nossa uma ameaça e aproveitem-se as oportunidades.
Com efeito, deve aproveitar-se a swot para traçar um plano com objectivos bem definidos e quantificados: um encontro num espaço de um mês, um jantar a dois, 4 encontros culturais, 2 sms's voluntárias a um Domingo de manhã e uma referência no Facebook, também ela voluntária. A partir daqui, há que estabelecer um plano de acção. Teremos de fazer uma recolha da linguagem utilizada pelo stakeholder, fazer um inventário de interesses e do calendário, fazer um levantamento de espaços originais e adoptar um conjunto de condutas genuínas. Criar valor é preciso.
Se os objectivos não forem atingidos, então, talvez tenhamos falhado o nosso target. Não é preciso fazer um grande drama. Procure-se novo target, noutros meios mais propícios. O nosso core business é o amor. And it takes two for tango.
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