Aqui há atrasado recebi um mail a denunciar a minha participação numa conspiração maçónica. Fiquei um bocadinho aborrecido. Não propriamente pela história em si, a coisa era tão delirante que me chegou a faltar o ar de tanto rir. O que me chateou foi o autor não dizer que eu era maçom. Não sou, mas não tinha custado nada ao aldrabão – era só mais uma alarvidade – dar-me tão prestigiante título. É que eu sou um rapaz que gosta de andar na moda e ao que parece não há nada tão chic como pertencer à Maçonaria.
Ele é ministros, ele é candidatos à Presidência da Assembleia da República, ele é administradores da Caixa Geral de Depósitos, ele é proprietários de grupos de comunicação, chefes da polícia secreta, tudo gente do bom e do melhor. Tenho reparado nas fotografias das revistas sociais, e reparo nos membros do jet-set a fazer uns sinais estranhos que, de certeza, são códigos secretos para que os outros maçons os reconheçam – é preciso estar muito atento para reparar.
Aquela malta é mesmo muito especial, li numa edição da Notícias Magazine que têm uns apertos de mão secretos (nas semanas posteriores à circulação do tal mail, juro que senti umas mãozadas meio estranhas) e até enviam uns aos outros umas mensagens via telemóvel com umas letras e uns números que só eles conhecem. Mas se fosse só isso... divertem-se à brava os malandros. Brincam com umas espadas e uns compassos muito jeitosos, vestem uns fatos janotas, e fazem umas festas/reuniões onde, consta, simulam enforcamentos, empalamentos, esventramentos e falam línguas esquisitas. Parece que depois daquela pândega toda ficam imbuídos dum poder esotérico.
Não admira que entrar nesse grupo não seja para qualquer um. Diz também que arranjam uns empregos uns aos outros e organizam uns negócios entre eles e há mesmo quem garanta que não se sobe na vida se não se pertencer a este animado grupo, mas isso devem ser intrigas dos invejosos que não conseguem ir às festas deles.
Diz o sr. Grão Mestre da Grande Loja Legal de Portugal/Grande Loja Regular de Portugal GLLP/GLRP (é assim mesmo, eles gostam destes títulos grandes), José Moreno, que a maçonaria é uma elite espiritual. Devo ter um enorme azar. A rapaziada que conheço e que me garantem pertencer ao clube estará preocupada com muitas coisas, menos com o bem-estar espiritual.
Não há dúvidas: quem não for da Maçonaria não está na moda. O que me espanta é os nossos empresários do pronto-a-vestir ainda não se terem apercebido desta realidade e não terem ainda lançado uma linha de aventais com os símbolos maçónicos. Uns mais leves para a Primavera-Verão, outros mais encorpados para o Outono-Inverno; uns de tecido mais nobre para ocasiões especiais, outros para o dia-a-dia; uns com uns compassos e os sóis, outros mais discretos. Ora valha-me Deus: é contratar um génio do marketing que seja maçom, não devem faltar. Consta, aliás, que na Maçonaria a genialidade é mais basta que a chuva miúda.
Era sucesso garantido.
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