Diz que houve para aí uns assuntos muito importantes durante a última semana. Mais impostos, alguém se propôs à Rita Pereira, mexeriqueiros armados em espiões, garantiram-me que o José Manuel Fernandes tomou banho, a Floribela vai para Nice, o Primeiro-Ministro anunciou o fim da crise para o ano, mas o país parou mesmo com o abandono do Ricardo Carvalho do estágio da selecção. O drama tem contornos ainda não convenientemente esclarecidos, e a verdadeira questão é: quem se portou mal? O Bento ou o Carvalho?
Analisemos esta pungente questão.
O Ricardo Carvalho foi durante uns anos o melhor defesa central do mundo, é o melhor defesa central português de todos os tempos, ganhou uma Taça Uefa e uma Liga dos Campeões pelo Futebol Clube do Porto, é sócio dessa maravilhosa agremiação, as suas bandas favoritas são os Stone Roses e os Smiths, o corte de cabelo evoluiu saudavelmente duma basta cabeleira indie para uma bela careca trintona, quando fala de futebol aparece sempre com um sorrisinho “pois tá bem, tenho um javali ao lume”.
Paulo Bento foi um jogador assim a atirar para o mais ou menos, entusiasmava tanto a jogar à bola como o Vítor Gaspar a discursar. Trocou o grande Fófó por dois clubes folclóricos da segunda circular e teve o seu apogeu no Oviedo, esse colosso futebolístico. Tem um cabelinho que está para lá do aceitável foda-se. Estou capaz de jurar que é moço para apreciar uma bela Sardetzada e ainda não percebi se fala espanhol com sotaque português ou português com sotaque espanhol, cheira-me que não está a gozar quando faz aqueles discursos em que revira os olhinhos e, não podia ser tudo mau, fez-me finalmente perceber a quem é que o Tony Miranda vende roupa.
Agora respirava fundo, chamava o Steiner, contava a história do Blunt, do Philby, do Maclean e do Burgess, e arrefinfava-lhe com uma bela metáfora. Mas isto é um canto e não um lamento, ou melhor, isto é uma crónica não é um ensaio.
i rest my case.
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