A propósito de uma viagem ao México, o Pedro faz um dois-em-um na construção pública do conservador, ao defender a superioridade da civilização ocidental e pôr em causa o fascínio por certos destinos de férias e actividades de lazer. Admitindo que não o tresli, apresso-me a dizer que nunca percebi esta associação. Sem pôr em causa sequer a ideia de que há civilizações superiores, para não perder muito tempo, concentro-me no conservador com fobia de férias exóticas, por ser um estereótipo oposto ao freak que vai à procura da natureza, das civilizações que em algum momento foram colonizadas e daquele misterioso homem ainda mais improvável do que o yeti: o bom selvagem de Rousseau. Ambos estão enganados. Porque devemos conhecer a Itália antes do México, mas o México antes da Escandinávia; porque devemos buscar a Europa de propósito antes dos 25 anos e depois dos 65, mas no período das nossas vidas em que a mutiplicação do vigor físico pela autonomia financeira regista os valores mais altos é imperativo evitar as deslocações voluntárias dentro eixo do mal composto pela Europa e o América do Norte. O argumento fraco é que haverá deslocações em trabalho e obrigações sociais (casamentos e funerais) suficientes para irmos saciando a curiosidade pelas nuances na civilização ocidental. O argumento forte toma a forma de regra: quanto menor for a vontade de viver numa determinada sociedade, maior será a vontade de a visitar. Mas abandonemos a Coreia do Norte e regressemos ao México.
Continua
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