O quê? Vai fazer dois anos? Sim, vai fazer. E eis que estamos de volta para mais investidas e textos neste blogue dedicado a um género pelo qual continuamos, como hei-de dizer, apaixonados. O programa eleitoral é o mesmo – e, como todo o programa eleitoral, deve ser ignorado. Deixaremos as nossas respirações irregulares quotidianas para as nossas casotas bloguísticas pessoais. Aqui queremos publicar textos pretensamente mais compostinhos. Crónicas. Que, julgando-se prosas entre o efémero e a literatura, são apenas, como sabemos, posts metrossexuais.
Voltamos por causa do sindroma “Hoje Escrevo Porque Me Apetece”, para recriar o título da crónica de Drummond que apadrinha este território – e frase que me remete para uma das minhas postagens na anterior encarnação sinusítica, sobre o verbo “apetecer”. Apetece-nos reabrir o estabelecimento, na forma como existia dantes e (basicamente) com o mesmo gang: Rubem Braga, Christopher Hitchens, Enrique Vila-Matas, Nelson Rodrigues, J.M. Coetzee, Javier Marías e Nuno Homem de Sá. Serve?
Espero - eu que ainda acredito em utopias – que cada escriba cumpra o objectivo de publicar a sua artigalhada no dia aprazado. Até porque temos um objectivo a atingir: queremos expulsar dos jornais os cronistas no activo, mesmo que sejamos nós próprios. Isto não é para meninos. Humilhem-nos, por favor, se não conseguirmos.
O nosso PEC – Plano de Estabilidade pela Crónica – é modesto e relativamente inequívoco. Não queremos enganar ninguém. Estamos aqui para revelar ao mundo, sob a forma cronística, aquilo em que, como toda a gente, nos transformámos nestes anos: seres ainda mais rabugentos e com ainda mais vontade de ser lidos e ouvidos. Por mim, sinto-me como me senti há dias numa visita, depois de um ano de ausências, à alergologista: cheínho de vontade de voltar a cumprir medicamente tudo o que me fará suportar uma asma cada vez mais persistente. Diz que escrever crónicas, essa respiração do espírito, ajuda bastante.
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