anda um espectro pela europa – o espectro das leggings. não há dia em que saia à rua nestes dias abafados de julho e que não me cruze com uma, duas, nove jovens com pernas cobertas de lycra brilhante, enfiadas por baixo de qualquer outra peça de roupa, seja um vestido, uma mini-saia ou uma qualquer outra peça de nome intraduzível, e esta situação faz-me espécie, o calor que se faz sentir e as moças naquele roça-roça sintético, verdadeiras microestufas em tempo estival, e em debate sobre o assunto já me quiseram fazer ver que também as há de algodão, que são fresquinhas, mas o anacronismo não se varre assim em registo 100% cotton, continua a ser uma peça misteriosa, uma espécie de conceito primi piati-secondi piati com que os italianos baralham os turistas, já para não falar no antipasti e noutras misteriosas designações que me desconcertam, todas coliantes, cobrindo a coxa até ao joelho, e tudo a bem da facturação da calzedonia e da pimkie ou das colecções "bizarria stradivarius primavera/verão". vão por mim, a outra bem escreveu que o que é bonito é ter cá dentro um astro que flameja, não uma peça que sobeja. tudo o resto é conversa de empresários do têxtil e não se confia em gente que emprega crianças. a não ser que se chamem ajax de amesterdão. corre van der vaart, mas sem leggings, se faz favor.
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